Por Rafael Bahia Felizatte, da AUN/USP
O Facebook possui 1,23 bilhão de usuários. A maior rede social do mundo é usada todos os dias para o envio de mensagens, o compartilhamento de fotos, a veiculação de notícias e diversas outras formas de comunicação. À primeira vista, o território virtual parece um paraíso para a democracia e a livre expressão. Mas a realidade não é bem assim: no passado, o site já chegou a censurar fotos de mães amamentando seus bebês.
O estudante de jornalismo Wilheim Rodrigues recebeu nota máxima em seu trabalho de conclusão de curso apresentado para o Departamente de Jornalismo e Editoração (CJE) da Escola de Comunicações e Artes (ECA/USP). Intitulado Facebook: Casos de censura no Brasil, seu propósito foi traçar um panorama de casos de remoção de conteúdo por parte da empresa de Mark Zuckerberg.
Ideologia política sustenta censura do Face - A descoberta foi surpreendente. Enquanto piadas com estupro e garotas em poses eróticas circulavam livremente pela rede, fotos de mulheres africanas com os seios à mostra e até quadros famosos com nudez artística eram vetados e considerados como conteúdo impróprio (como o “Nascimento de Vênus” (foto), de Botticelli, que foi retirada do ar pelo Facebook). Wilheim defendeu a ideia de que existe uma ideologia política que sustenta essas censuras.
Fundado por Zuckerberg e por três colegas seus da Universidade de Harvard, o Facebook foi inicialmente expandido para as faculdades da Ivy League, grupo das melhores universidades dos EUA. Sua história, portanto, mostra que ele não nasceu com o propósito de ser uma ferramenta aberta e global de diálogo, mas, sim, restrita a um grupo específico.
Ainda assim, o site tornou-se um canal mundial de organização em lutas a favor de mudanças políticas e sociais, como se observou na Primavera Árabe e nas manifestações de junho de 2013 no Brasil. Apesar de usado como uma mídia alternativa, o site desde sua origem é regulado de acordo com um conjunto de regras julgadas pelos dirigentes do serviço, sem participação dos usuários.
Segundo a pesquisa, essa unilateralidade, que nada tem de democrática, se reflete na incoerência em relação à censura de imagens. Grupos têm se organizado para denunciar e rechaçar essa atitude no Dia da Manifestação do Nu no Facebook. Eles se respaldam na Declaração Universal dos Direitos Humanos e na Constituição da República Federativa do Brasil, ambas garantindo que as manifestações de pensamento não devem sofrer interferência. Junto a isso, o trabalho de Wilheim mostra que essa delineação incerta sobre o que é ou não pornografia é só parte do problema representado pelo oligopólio das mídias.
(Foto: reprodução)
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