Por Luiz Roberto Serrano, superintendente de Comunicação Social da USP/ Jornal da USP
“Qual vai ser a tragédia de amanhã?”, disse minha mulher, Maria Helena, no encerramento de um dos jornais de TV noturnos que tratou longamente da morte do jornalista Ricardo Boechat, ontem, em um acidente de helicóptero. Era mais uma das inúmeras que marcaram este amargo começo de 2019 neste Brasil – e que ele tanto criticou.
A notícia chegou discretamente à redação do Jornal da USP, na hora do almoço, via nossa editora de Atualidades, Cinderela Caldeira: “Parece que o Boechat estava em um helicóptero que caiu na Anhanguera”. A confirmação oficial demorou, pelo louvável cuidado das emissoras de esperar que a família fosse informada em primeiro lugar.
A partir daí, formou-se uma impressionante corrente de espanto, dor e solidariedade que uniu a imprensa e o público, autoridades e brasileiros comuns, que expôs, como um clarão inesperado, a relevância e a dimensão do jornalismo praticado por Boechat e as qualidades do ser humano que encarnava o profissional.
Com uma longa trajetória no bom e velho jornalismo impresso, no rádio e na TV, Boechat recebeu três prêmios Esso e 17 prêmios do site especializado Comunique-se, outorgados pelos próprios colegas de profissão. O reconhecimento e a comoção demonstrada por seus colegas de profissão e pelo público atestam que Boechat era uma referência de jornalismo no Brasil, pela sua independência, coragem e destemor, qualidades fundamentais em uma profissão que é um dos pilares da democracia em qualquer parte do mundo.
Nada, nem ninguém, escapava de seu escrutínio nos privilegiados púlpitos que ocupava na rádio Band News e TV Bandeirantes. Sem dúvida, personificava as críticas e ansiedades que assolam os brasileiros neste tempos gelatinosos e dramáticos que vive o País.
Que seu exemplo frutifique – o Brasil precisa.
(Foto: TV Bandeirantes/divulgação)
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